Depoimento de aprovada - Rute Sabrina, primeiro lugar em Procuradoria Municipal

 

Olá, pessoal. Tudo certo?

A postagem de hoje é especial. Trata-se do depoimento de aprovação da minha colega de sala virtual de estudos (Discord) Rute Sabrina, que foi recentemente aprovada em primeiro lugar para Procuradora do Município de Ribeirão Bonito-SP.

Sempre que posso, leio depoimentos de aprovado(s), e sempre me inspiro com eles. Não foi diferente com o da Rute, cuja trajetória (de muitos sacrifícios, o que é comum aos aprovados) justifica essa conquista.

A você leitor(a) que, como eu, ainda está na luta, fica a mensagem do marido da Rute: "só continua, uma hora sua hora chega."

Parabéns à Rute, e sucesso no cargo!

(fonte: site do Município de Ribeirão Bonito-SP)

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Fui convidada pelo Raffael para falar um pouco da minha trajetória até a minha primeira aprovação em concurso público. Sinceramente, há dias que estou pensando em como discorrer sobre esse período, que em sua maioria foi de anseios e inseguranças.

Não vou voltar muito, porque senão vira um livro esse depoimento, rs.

Lá no meio de 2018, nono período do curso de direito, recebo a notícia da minha aprovação na OAB. Foi uma felicidade absurda e uma sensação de alívio, mas estava ciente que teria que estudar muito ainda, porque meu sonho sempre foi ser funcionária pública.

Finalizei a faculdade em dezembro daquele ano e me mudei, fui para outro estado. Assim que cheguei na minha nova cidade, vi que tinha um concurso aberto para procurador do município vizinho - apenas cadastro de reserva. Já tinha uma alguma bagagem dos estudos para OAB e estudei bastante no tempo que tive, com isso consegui o quarto lugar.

Fiquei feliz com o resultado, mas nada muito empolgada, porque nem vaga havia e três pessoas estavam na minha frente.

Essa primeira prova me fez despertar o interesse pela área, mas não ainda decidi focar exclusivamente em procuradorias. Ainda procurava um emprego, era recém formada e queria adquirir experiência, mas as coisas não são como a gente espera, né!?

Comecei a saga do desespero do desemprego, enviei currículos para milhares de escritórios de advocacia. Zero respostas. Não conhecia ninguém na cidade, o que podia fazer era enviar currículo para toda vaga que surgia aparecia. Ainda assim não conseguia nada. Minha ideia na época era trabalhar em um escritório e conseguir alguma experiência enquanto estudava pra concursos, mas a essa ideia não se concretizava.

Após uns 8 meses de busca sem êxito, decidi parar de procurar e começar a estudar pra concursos exclusivamente.

Comecei a estudar para os concursos de procuradorias próximas a cidade que residia.

Depois de 2 meses apenas estudando, uma reviravolta. Uma vaga que nem me lembrava de ter me candidatado me chama pra uma entrevista. Fui aprovada na entrevista e nos demais testes e comecei a trabalhar.

Após uma semana, pedi pra sair. Isso mesmo, morri de procurar emprego e quando consigo pedi pra sair. Não era o que queria, não me adaptei. Não sou muito ligada nisso de energia, mas tudo no lugar me incomodava, era uma vibe meio tóxica.

Vocês devem estar se perguntando, uma semana, Rute? É. Uma semana e desisti. Hoje penso que a minha urgência em querer ser funcionária pública me fez desistir, porque no fundo sabia que trabalhando iria postergar ainda mais meu objetivo.

No final de 2019, comecei a estudar focada em procuradorias. Muito feliz e decidida.

Chegou 2020 e com ele a pandemia. No início bateu um desespero, todos os concursos foram suspensos, 800km de distância da minha família e todo mundo meio desesperado com o tal do vírus. Comecei a pensar em voltar pra minha cidade, pensei em voltar a procurar emprego. Foi um desespero atrás do outro.

Porém, no meio de tudo isso, tinha um das coisas mais importantes da minha caminhada, meu esposo. Ele esteve ali o tempo inteiro me motivando e tentando me tirar aquele sentimento de que não era momento para ficar "só" estudando.

Com esse incentivo eu continuei estudando, estudei o ano inteiro, inclusive no Natal. Devido à pandemia, a gente decidiu não viajar para casa dos nossos pais e passamos o fim do ano em casa.

Meio triste isso, mas me ajudou muito avançar nos estudos.

Chegou 2021 e as provas até que enfim voltaram a acontecer.

Nas provas que fazia, era aprovada em todas. Mas, dentro das vagas em nenhuma. Os primeiros colocados faziam 90% pra cima. Procuradorias Municipais, normalmente, são uma ou duas vagas, quando não só cadastro de reserva.

Ocorre que aí começou o sentimento de ter perdido tempo estudando durante uma pandemia, o sentimento de incapacidade era presente o tempo inteiro.

Alguns dias não conseguia estudar por passar o dia chorando por estar formada há um bom tempo e não ter feito "nada".

Lembro de um dia que vi uma live de um professor que ele falava assim: "Gente, não se preocupe com a nota do primeiro lugar no concurso, ele é 'fora da curva', o importante é ficar no 'bolinho'." Na hora eu pensei: "não vou estudar mais pra procuradorias com uma vaga, não sou 'fora da curva', nunca fui a melhor aluna; para aprender as coisas eu tenho que ralar pra caramba. Estou perdendo meu tempo, sempre vai haver alguém com uma nota maior que a minha."

Contei isso pro meu marido e ele, como sempre me motivando, disse: "só continua, uma hora sua hora chega."

Continuei, cheia de altos e baixos e sempre desconfiando de mim mesma, mas continuei.

Depois de algumas provas, comecei a bater na trave, segundo lugar.

Fui ficando mais confiante em uma prova fiz 94%. Fiquei muito feliz com meu desempenho, certa que essa era a hora da minha aprovação em primeiro. Mas sabe o que aconteceu? DÉCIMO SEGUNDO LUGAR!

Pensa numa tristeza e uma vontade terrível de parar por ali. Definitivamente aquilo não era pra mim.

Não sei se você que está lendo isso estuda para procuradorias municipais, é uma realidade bem diferente dos grandes concursos; se você não pega os primeiros lugares ou o primeiro, a nomeação é quase impossível.

Depois desses altos e baixos, alguns mais que não cabem aqui, comecei a fazer terapia, porque, meu amigo, não tinha mais psicológico pra lidar com a situação.

Continuei estudando de uma maneira mais leve e sem tanto desespero. Fui seguindo e tentando ficar mais calma, evoluindo nos estudos e na minha saúde mental.

Em mais um desses domingos de prova, vou tranquila, sem muitas expectativas e tentando mentalizar que iria fazer um simulado igual fazia nos domingos que não havia prova.

Naquele domingo chegou o tão esperado PRIMEIRO LUGAR, chegou o meu direito subjetivo a nomeação, minha aprovação dentro das vagas.

A ficha não caiu completamente, mas estou muito feliz e bem mais confiante. Essa aprovação me fez muito bem, me fez perceber que não existe isso de "fora da curva", existe persistência, resiliência e a confiança na sua hora que vai chegar.

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